terça-feira, 28 de abril de 2009

Mamas ou Maminhas?

Por vezes a Verdade do mundo revela-se à frente dos nossos olhos e é nessas ocasiões que devemos saber olha-la e reconhecê-la. Falei-vos ontem de uma questão: maminhas e pilinha. Para vos explicar esta teoria é necessário aborda-la do seu ponto de vista mais sério e do seu ponto de vista mais comum.

Comecemos pelo primeiro, ao qual poderemos chamar a Esfera Filosófica de Maminhas ou Pilinha. O uso do diminutivo é uma das provas mais irrefutáveis da existência de uma relação entre o sujeito A que profere a palavra e o sujeito B, dona ou dono dos atributos mencionados. A diferença coloca-se, portanto, no tipo de relação entre A e B e o que C (as maminhas, a pilinha ou outro aspecto físico a salientar) representa para ambos. Supondo uma relação saudável, com cumplicidade, comida partilhada e todas essas questões que fazem duas pessoas serem um casal, dizer "mostra-me cá essas maminhas" não só é amoroso como sexy. Pessoas estranhas não têm maminhas. Isso seria ridículo! Pessoas estranhas têm "mamas", "gandas mamas", "balões", "prateleiras", "mamas feias" ou na versão mais admirada "cum camandro! Como é que a mulher se equilibra?!". Neste caso, o sujeito A admira B mas não sente C como C, mas sim como B' - ou seja: um atributo de B mas que apenas a B pertence e que A pode olhar, admirar, comentar e até mesmo tocar. A distância temporal que A leva a transformar a B' de B em C depende da relação AB ou da taradice de um dos sujeitos. De salientar que a relação AB não obriga ao diminutivo, mas o mesmo está presente, como hipótese comunicativa. Na frase "Gosto das tuas mamas" A demonstra, através de um acto performativo, que gosta de facto das mamas de B e que pretende fazer algo quanto a isso, sem especificar a altura para o fazer. Na frase "Gosto das tuas maminhas" A demonstra não só gostar como ter à vontade com B e com C para o dizer.
É tão merecedor de injúria o descrente que diga "quero meter conversa com aquela senhora, pois a mesma apresenta umas belas maminhas" como o descrente que diz "maminhas é desprovido de sentido em qualquer situação da vida humana!". Mesmo que não gostem da palavra, acreditem que atingirão um grau de felicidade quando olharem para alguém e sentirem que, se quisessem, poderiam dar esse passo. É o eterno "Se eu quisesse, dizia-te das boas!" que governa este mundo.

Passemos agora à Esfera Prática de Maminhas ou Pilinha. A Amiga explicou esta teoria a alguém que, apesar de ter mamas, poderia facilmente ser candidata ao posto de sujeito B. No dia seguinte à conversa, a candidata falava no messenger ainda sobre o mesmo assunto e resolve proferir a seguinte frase:
- "mamas, maminhas?"
No segundo a seguir, colegas de trabalho perguntavam-me porque é que tinha caído da cadeira e porque é que tinha espirrado iogurte por toda a minha mesa. Ao partilhar esta conversa com o Amigo, o desgraçado resolveu repetir-me a frase sem a vírgula, perguntando-me apenas "mamas maminhas?" as vezes suficientes até a minha resposta ser apenas um suspiro e um olhar vago pela janela do carro.

Disse-vos no início deste texto que a Verdade do mundo, por vezes, se revela à frente dos nossos olhos e é nessas ocasiões que devemos saber olha-la e reconhecê-la. A Verdade, neste caso, era simples: por muito que eu quisesse transformar um par de mamas em algo superior, não estava de todo preparada para reagir a trocadilhos deste género, não de forma controlada, pelo menos.

A partir desse dia, deixei de beber iogurte, sumo ou água enquanto tinha conversas no MSN. E na vez seguinte que encontrei a candidata, só olhei para ela do pescoço para cima.

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