quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ciclo vicioso

No que toca a saídas à noite, uma pessoa pode escolher uma de duas opções:
- um sítio de sempre, que já conhece;
- um sítio novo, de onde acabará por sair para ir a um sítio de sempre, que já conhece.
Saímos de casa porque queremos e optamos pelo mesmo sítio de sempre. Porquê? Para podermos dizer "nunca há nada de novo, caramba!". E porque é que dizemos isto? Porque precisamos de acumular um determinado nível de exaustão até darmos o murro na mesa, o grito de Ipiranga "Chega! Hoje vamos a um sítio novo!". E só vamos a um sítio novo porque sabemos que, em 70% dos casos nos vamos arrepender, e precisamos disso para voltarmos a querer ir ao mesmo sítio de sempre. É um ciclo vicioso e a maneira como o mundo gira. Se Galileu vivesse nos dias de hoje, ele próprio teria afirmado tal raciocínio! Não é só a rotação e a translação, há também a sistematização! Se Galileu fosse ao Bairro Alto todas as sextas, sairia do interrogatório que os fofinhos da Inquisição fizeram dizendo "Ela mexer, mexer, até mexe... mas empurra-me sempre para o Clube da Esquina".

Os meus sítios do costume são 3 ou 4 locais do Bairro. Os circuitos são conhecidos e assim se salta, semana a semana, o calendário. Depois há as experiências. De todas as que já fiz, destaco uma que começou com uma Timeout que referia um bar lésbico que não conhecíamos. Foi assim que descemos as escadas do Memorial, que de memorável só teve o chapéu de cowboy do barman. Ora pensem comigo: tratando-se (prova A) de mim e (prova B) de um bar lésbico, o que é que está de errado nesta frase? Exacto! "Chapéu", "cowboy" e "barman"! O que havia de mais interessante em todo o bar envolve três palavras masculinas!! Isto é mau marketing!

Ora ou a Amiga teve muito, muito, muito (MUITO) azar na noite que lhe calhou, ou então a caipiroska que bebeu foi, de todo, insuficiente para entrar no espírito. E olhem que a Amiga levou amigos! Mas tirando barmen, dj e um casal enamorado de duas senhoras (enamorado por uma amiga aqui da Amiga mas, ainda assim, enamorado), éramos os únicos presentes no recinto. Depois desta saída, os sítios de sempre não foram postos em causa durante bastante tempo. Mas agora estamos de novo a entrar na fase em que queremos soltar as amarras que nos prendem aos mesmos locais! Queremos, de novo, partir à descoberta, vasculhar esse mundo em busca de novas bebidas, novos porteiros, novas cores, novos ritmos bailando no lusco-fusco de novas luzes, com novas caras e novos números de telefone! Queremos novos espectáculos, novas mesas e cadeiras! E, desta vez, queremos ir até aos arredores!

E iremos, ou não estivéssemos nós fartiiiiinhos dos mesmos sítios de sempre.

O problema é se, nesta nossa busca, encontramos um cantinho novo que se torna num cantinho de sempre... aí está tudo estragado. Ai, ai. Ela mexer, mexer, até mexe... mas às vezes é pequena de mais!

Desabafo

A Amiga quer ir aqui e os amigos vão todos para fora, neste fim-de-semana.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ready For The Floor - Hot Chip

Aqui fica a primeira sugestão estilo "Música de Lençóis" deste blog.*
À medida que for acrescentando mais, a playlist desta garrida mixed tape irá aumentando também. Podem criar a vossa própria playlist aqui.



* "Música de Lençóis" deveria ser um estilo musical tão reconhecido como Rock, R&B, Indie, Trip-Hop, Metal ou Full House (desculpem, este último é do poker). Por este estilo entendam-se músicas com ritmo, letra ou envolvências muito próprias que ouvimos e ou nos dão ideias criativas para actividade lúdicas que envolvam lençóis, ou então que nos fazem dançar (e toda a gente sabe o que é que se diz da dança). As músicas dependem de cada um mas de vez em quando vou mostrar algumas de que gosto... E não, não quer dizer que se ouvir isto numa discoteca salto para cima de alguém. Por quem me tomam? Acalmai essas mentes, por favor!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mamas ou Maminhas?

Por vezes a Verdade do mundo revela-se à frente dos nossos olhos e é nessas ocasiões que devemos saber olha-la e reconhecê-la. Falei-vos ontem de uma questão: maminhas e pilinha. Para vos explicar esta teoria é necessário aborda-la do seu ponto de vista mais sério e do seu ponto de vista mais comum.

Comecemos pelo primeiro, ao qual poderemos chamar a Esfera Filosófica de Maminhas ou Pilinha. O uso do diminutivo é uma das provas mais irrefutáveis da existência de uma relação entre o sujeito A que profere a palavra e o sujeito B, dona ou dono dos atributos mencionados. A diferença coloca-se, portanto, no tipo de relação entre A e B e o que C (as maminhas, a pilinha ou outro aspecto físico a salientar) representa para ambos. Supondo uma relação saudável, com cumplicidade, comida partilhada e todas essas questões que fazem duas pessoas serem um casal, dizer "mostra-me cá essas maminhas" não só é amoroso como sexy. Pessoas estranhas não têm maminhas. Isso seria ridículo! Pessoas estranhas têm "mamas", "gandas mamas", "balões", "prateleiras", "mamas feias" ou na versão mais admirada "cum camandro! Como é que a mulher se equilibra?!". Neste caso, o sujeito A admira B mas não sente C como C, mas sim como B' - ou seja: um atributo de B mas que apenas a B pertence e que A pode olhar, admirar, comentar e até mesmo tocar. A distância temporal que A leva a transformar a B' de B em C depende da relação AB ou da taradice de um dos sujeitos. De salientar que a relação AB não obriga ao diminutivo, mas o mesmo está presente, como hipótese comunicativa. Na frase "Gosto das tuas mamas" A demonstra, através de um acto performativo, que gosta de facto das mamas de B e que pretende fazer algo quanto a isso, sem especificar a altura para o fazer. Na frase "Gosto das tuas maminhas" A demonstra não só gostar como ter à vontade com B e com C para o dizer.
É tão merecedor de injúria o descrente que diga "quero meter conversa com aquela senhora, pois a mesma apresenta umas belas maminhas" como o descrente que diz "maminhas é desprovido de sentido em qualquer situação da vida humana!". Mesmo que não gostem da palavra, acreditem que atingirão um grau de felicidade quando olharem para alguém e sentirem que, se quisessem, poderiam dar esse passo. É o eterno "Se eu quisesse, dizia-te das boas!" que governa este mundo.

Passemos agora à Esfera Prática de Maminhas ou Pilinha. A Amiga explicou esta teoria a alguém que, apesar de ter mamas, poderia facilmente ser candidata ao posto de sujeito B. No dia seguinte à conversa, a candidata falava no messenger ainda sobre o mesmo assunto e resolve proferir a seguinte frase:
- "mamas, maminhas?"
No segundo a seguir, colegas de trabalho perguntavam-me porque é que tinha caído da cadeira e porque é que tinha espirrado iogurte por toda a minha mesa. Ao partilhar esta conversa com o Amigo, o desgraçado resolveu repetir-me a frase sem a vírgula, perguntando-me apenas "mamas maminhas?" as vezes suficientes até a minha resposta ser apenas um suspiro e um olhar vago pela janela do carro.

Disse-vos no início deste texto que a Verdade do mundo, por vezes, se revela à frente dos nossos olhos e é nessas ocasiões que devemos saber olha-la e reconhecê-la. A Verdade, neste caso, era simples: por muito que eu quisesse transformar um par de mamas em algo superior, não estava de todo preparada para reagir a trocadilhos deste género, não de forma controlada, pelo menos.

A partir desse dia, deixei de beber iogurte, sumo ou água enquanto tinha conversas no MSN. E na vez seguinte que encontrei a candidata, só olhei para ela do pescoço para cima.

domingo, 26 de abril de 2009

Questão pertinente

A maminha e a pilinha pressupõem toda uma relação.
E sobre este assunto, debruçar-me-ei (salvo seja) num outro post.

Aforismos da Amiga

Tudo o que ocorre nesta vida tem uma razão por trás. Por isso mesmo há que olha-la com atenção e decidir: é gira ou não gira?

(se for gira, há que enfrentar a situação de frente. Mas lembrem-se que nem sempre uma boa razão é sinal de um bom raciocínio)

O Início

Tudo o que é texto em forma escrita tem uma palavra inicial. Todos os livros têm um primeiro capítulo, todas os capítulos têm uma primeira palavra e todas elas são pensadas exactamente com o intuito de darem início a algo maior do que elas: uma história. Mas o que inicia a história não é a primeira palavra mas sim um acontecimento, algo que surge sem ser na folha branca de um caderno ou de um documento word. Trata-se de algo espontâneo, que não se prevê ou espera, e que se apresenta simplesmente, despoletando uma situação.

No meu caso foi uma vodka maçã.

A Amiga é gay e tem muitos amigos (um especial, doravante denominado por Amigo). Foi na presença deste Amigo que a Amiga lhe revelou, numa noite, a imensidão de pensamentos que povoavam a sua mente. Assumida que estava, a Amiga entrou numa demanda épica para encontrar o amor (daquele que dura uma noite ou daquele que dura entre o "uma noite" e o "para sempre"). E, tal como todos os seres humanos, descobriu que esta é uma luta quase tão justa como usar um canhão para tentar matar um mosquito (a Amiga não lê Confucio, mas viu o "Armadilha" com a Catherine Zeta-Jones, que vai dar ao mesmo). Mas, tal como todos os seres humanos, a Amiga lá se divide entre o apontar o canhão à mosquitada ou ser ela própria mosquito. Pelo meio, vai vivendo peripécias, tendo encontros e desencontros, e brindando o mundo com alguns pensamentos. A Amiga pensa muito enquanto brinda.

O Amigo disse que a Amiga devia ter um blog para contar as suas aventuras e ela concordou. E assim surgiu esta Casa de Doidas (não é Confucio à mesma mas é um filme que bem dispõe). Agora a Amiga prefere a vodka laranja e tem um blog para partilhar uma parte da sua vida.

E continuará por aí à procura de novos capítulos da sua história, sempre com vista a descobrir qual será o final.